A gaveta esquecida
retém lances de dados
jogos refeitos
e devaneios datados
de alguma primavera.
O corpo é um limite
e adivinha
mares e voos
preso à monotonia
da respiração necessária.
Respira na gaveta
uma existência de pássaro.
Aberta uma gaiola
o pássaro tem medo
de se atirar no vazio.
13 comentários:
belas metáforas, oxigênio para existência
beijo
Teu poema ressoa no sentido físico e no que a alma (o pássaro), costurada ao corpo, depende dele. Amei.
Besos
AnaC
Agora me faltou o ar.
Magnífico!
Beijo.
Começa por um título muito bonito. Parece que os lances de dado não alteraram fundamentalmente o futuro. Ainda a liberdade, não é? Nessa dialética com os limites e o medo de rompê-los. Para mim, Dade, uma certa contenção faz a beleza dos seus versos, com uma inquietude filosófica respirando sob eles, gavetas da forma.
A associação entre corpo e gaveta me fez lembrar das Vênus com gavetas do Dali.
Beijo.
Também necessária é a tua poesia...
bjos!
Tudo o que contém, se libera no poema.
belíssima a metáfora, dade.
beijos
Maravilhoso, Dade!
Bem sei que depois de aprisionada, o medo de voar é grande. Gavetas-gaiolas!
Beijos
Mirze
Maravilhoso, Dade!
Bem sei que depois de aprisionada, o medo de voar é grande. Gavetas-gaiolas!
Beijos
Mirze
Belo poema Dade... É raro não me emocionar e parar para refletir quando pouso por aqui...Lindas metáforas que compõe uma analogia harmoniosa entre gavetas e gaiolas. Neste seu cantinho sou pássaro voador, mas não caio no vazio... Bj.
explêndido!
beijo na asa esquerda.
É só falar em gaiola e me lembro das Ideias de Canário, de Machado. Cheguei a citá-lo e à exaustão num romance. Lembra-se? É o canário numa gaiola, num brechó (Machado diz "loja de Belchior), para quem o mundo se resume àquele brechó.
Excelente a metáfora gavetas/ gaiolas.
Abraços.
O medo de sentir-se livre e da felicidade. Belo e inspiradíssimo. Parabéns, Dade.
Ainda assim, se atira... E o poema voa. Lindo, Dade. beijos!
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