O debate começou tão morno
que não conseguia prestar atenção
nem mesmo no que você dizia.
E enquanto você ouvia os comentários a sua volta
talvez estivéssemos pensando na mesma pessoa
ainda que há décadas não nos víssemos
e seu percurso tenha sido tão diverso.
Imagino que estivesse pensando nele
tanto quanto eu pensava vendo você
trinta anos mais velho
os antigos cabelos louros agora acinzentados
e uma barba que eu não conhecia.
Outras décadas vão passar
talvez o que resta de nossas vidas
sem que esse momento se apague em minha memória
você no telão e eu
no lugar nenhum de quem assiste.
Talvez aconteça diferente, não sei,
mas sempre vou preferir daquele jeito
antes de ele nos deixar.
12 comentários:
São as lembranças que nos confirmam que permanecemos vivos. São as lembranças que nos tornam humanizados. São as lembranças que nos fazem reviver sonhos perdidos na memória. São as lembranças...
Que belo poema, Dade!
Tudo de bom,
Samuel Pimenta.
MARAVILHA!!!!!
Dade! Se um dia você for aparecer na tevê. me avise. Com certeza não vou prestar atenção no que você diz, mas vai ser marcante esse momento.
Um texto inteligente e atualíssimo!
Beijos, querida!
Mirze
Como um bonito fragmento de um filme sem palavras, onde flashbacks se misturam incógnitos à narrativa sem que saibamos o que de fato é atual. Nós, que também estamos no lugar nenhum de quem assiste.
Beijo, Dade.
"no lugar nenhum de quem assiste"
oh invocação de tantos nadas,
beijo
Excelente, Dade, quer pela pertinência, quer pela forma literária com que você aborda a síndrome do "estar na tela". Abraços, Pedro.
O lugar que a gente fica, enquanto é só espectador, parece mais de mentira do que o cenário a que assistimos.
Beijo, grande Dade!
Esse é um poema de muita ternura. Muito tocante, com a doçura do amor perdido.
Beijos
JN
Maravilha, Dade. "Pela tevê" daria um curta e tanto. Parabéns.
Muito bonita a sua forma de recordar e de descrever o recordado.
abraço
Um belo poema. Com passado e presente e onde o futuro é hoje...
Um beijo.
O tempo em suspenso, ou pela TV o tempo onde se era mais próximo, mais simples, mas alguém - para alguém.
Como a voz narrativa, eu sempre preferiria o antes, dade.
beijos
Há mesmo pessoas que nos recordam outras. Há vículos que não se desfazem, passe o tempo que passar. E ausências sempre tão presentes. Imaginei uma história inteira aqui Dade. Pude te ver assitindo a história da tua vida passando na TV. Beijo grande, Nydia.
Postar um comentário