Versões de antigas manias
variam conforme o tempo
nas mudanças de estação.
Ilusões novas vêm na primavera
em pencas de perfume imaginário
festa de aniversários coloridos.
Termos escuros escolhem o tempo frio
seus fantasmas
depois de o outono
ter esgarçado os tecidos em mil ventos
restos de lua entre as nuvens picotadas
e uma ilusão mais densa faz ouvir
o eco sufocado de tambores
que vêm de algum lugar
mas não sei qual.
Uma excursão a terras escaldantes
emana desses rios quase secos
dissolve as cores
e tudo que aprendi das flores
o coração desfeito pelas praias.
Sereias
como se o mar antigo
ainda ofegante
voltasse despejando sobre a areia
a sensação escaldante
de que o perfil mais desejado não vem nunca
retido pela distância de outros mares.
Verão é a estação do que se nega
a que acelera a perda
e desengana todas as esperas.
Entre estações
não resta qualquer sinal da glória antiga.
Uma versão de branco
veste calada seu caminho neutro
desdobrado
de rumo em rumo
à espera do que pode ser o dia
de usar perfume de rosa
e lancinante
despenhar pelo abismo de outra noite.
não resta qualquer sinal da glória antiga.
Uma versão de branco
veste calada seu caminho neutro
desdobrado
de rumo em rumo
à espera do que pode ser o dia
de usar perfume de rosa
e lancinante
despenhar
8 comentários:
escalar o cume de um dia, dá-me coragem senhor
beijo
Belíssimo Dade!
Quantas imagens vão se formando à medida que lemos. Dei sorte de gostar de todas as estações.E em todas uso perfume de rosas.
Sensacional!
Beijos
Mirze
Um dia sempre chega, o dia D na guerra, o dia sem alfabeto em que só importa viver muito o que o momento oferece.
Beijos.
Bom, lirismo belo.
Lindo, lindo, lindo, Dade, minha amiga, grande poeta!!!
Você faz alquimia com palavras, neste poema encantador...
Demais, demais, e mais um pouco!
Beijos da
Zélia
Cores de primavera, escuridão de inverno e a expectativa que nos acompanha sempre por um dia,
Um beijo, Dade.
Um poema que se lê sem parar, pleno de imagens lindíssimas!
meu dia se elevou ao ler-te!
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