quarta-feira, setembro 28, 2011

Tardes de outono





1

Nas imagens da janela
ventos novos
e os ecos inseguros de outras vozes
timbres e entonações passando ao largo
presenças apressadas
se distanciam
cenários desenhados
constelação de outras vidas
nos condomínios do outono.

2

Lá fora grassa um sol enganador
como se o mundo fosse uma quimera
é outono
e o sol mascara as sombras
como se entrasse hoje a primavera.

3

Fecho as cortinas
isolo o mundo
em sua esfera invisível
mais fria a cada instante.
A experiência de ser é quase trégua
entre os ruídos amigos do relógio antigo
e o despertar discreto de meu gato.

Mas o silêncio grita na memória
e como disse o poeta
não adianta fugir
que viver não tem cura.

8 comentários:

Suzana Martins disse...

Dentro de mim o outono sempre grita silencioso transformando momentos de uma vida inteira. Numa tarde de sol, os aromas da tarde, enfeitam sorrisos de eternos encantos.

Lá fora é primavera, mas dentro de mim sempre encanta estações de outros litorais...

beijos querida

João A. Quadrado disse...

[reconfortante o passo, o cada verso, ao aprendiz de peregrino...

no seu verso, repouso]

um imenso abraço, Amiga Dade

Leonardo B.

Teté M. Jorge disse...

Versos tão suaves...
Beijo carinhoso.

Unknown disse...

Dade!

Como é bom vir aqui onde o solo da poesia é o repouso da alma.

Belíssimo poema que sempre me faz questionar o tempo e as estações.

Beijos, querida!

Mirze

Luana disse...

Tanto lirismo nos desperta para o que o outono pode significar em nossa vida, a entrada para uma outra estação indesejada. Mas viver não tem mesmo cura...
Beijos querida.

Ivan disse...

Uma belíssima sequência de poemas, Dade.

Nilson disse...

Lindíssimo, Dade. Gostei demais da ideia da trégua. Vc tá que tá!!!

César disse...

O tempo das estações é o nosso tempo. Às vezes, uma bendita trégua nos repousa.
Beijo.