Tudo
estava tão triste na sala e na varanda
os
pássaros da rua tão calados
imaginava
por quê
sem ter
ideia do que estaria por vir
dali em
diante todas as tardes
à hora em
que não chegaria ninguém
como todas
as horas agora aconteciam
e as
distâncias pareciam maiores
salas de
espera mais desoladas que de costume
e as
pessoas impenetráveis e secas
passas
velhas
não importa
a idade que pudessem ter
ou que
razões carregassem nas mochilas.
Tudo
jazia
a vida
mecanizada
o
dia-a-dia monótono
por causa
do horizonte fechado
a poucos
metros de distância de seus olhos
e dos
relógios
que os
homens nunca deixam de fabricar
para
ninguém
sem
acontecimentos ou vozes
nem
olhares
que
abrissem outra visão
impossível
de iluminar
em uma
casa tão pragmática
e bem
equipada
para
viver espantando as lembranças
e satisfazendo
desejos sozinhos
que as
traziam de volta
sem calor
nem voz.
Lembranças
são partituras
escritas
para nenhum instrumento.
8 comentários:
gostei principalmente da ultima estrofe, os dois últimos versos traduzem uma profundidade solitária enorme...
beijos
partituras escritas para o silencio, como aquela que o Marcantonio publicou do Cage,
beijo
p.s. mas ecoam
É verdade! As marcas das lembranças poderiam ser pautadas, neste caso em DO.
O instrumento , nosso cérebro. guarda tudo.
Lindo, Dade!
Beijos
Mirze
Belíssima comparação :)
Li e reli, de tanto que gostei.
Beijo, amiga.
Olá!
Lembranças são partituras escritas para nenhum instrumento.
E tudo fica em nossa lembranças, a solidão nos leva a lembrar, bom e doces momentos, ou ruins que nos amargura.
Adorei vir aqui e sigo-te.
Felicidades.
http://wwwavivarcel.blogspot.com/
maravilhoso Dade, as lembranças realmente são um pouco disso, passam nas nossas vidas sem acontecerem necessariamente e como sentimos tanto por isso.
Beijos grande Dade!
Belo poema, lindas estrofes e final mais-que-perfeito.
Beijos nossos.
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