(...)
daria todas as metáforas
em troca de uma palavra
arrancada do meu peito como uma costela
por uma palavra
contida dentro dos limites
da minha pele
(...)
Zbigniew Herbert
Às vezes durante dias não dizia nada
embaraçada em pensamentos velozes
emaranhados como galhos velhos de cajueiro
ou voando concêntricos em torno
de alguma coisa que não conseguia descobrir
como dizer com que palavras.
Às vezes falava coisas sem rumo definido
coisas do dia-a-dia – o carteiro as compras a cozinha
como se contornasse o território cego
da coisa que não dizia
guardada dentro da pele que não sua
e mal respira.
10 comentários:
Belíssimo, Dade! Há dias assim!
Beijos
Pensamentos subcutâneos.
Até a pele sabe esconder.
Beijo, querida.
Estado de pura poesia.
Beijo.
Dade,
A poesia é sempre uma questão de pele, eu acho...
ou nos toca, ou não!
Lindo isso!
Beijos,
Carol
"como se contornasse o território cego
da coisa que não dizia
guardada dentro da pele que não sua
e mal respira"
Belíssimo!
Ivan
Bela imagem com a qual me deparei por aqui!
Um grande beijo, Poeta!
Fui lendo num fôlego só: adorei!
ouvi ecos de Clarice na escrita, a palavra dissimulada cheia de engenhos e moitas para o verso se esconder. abraço
dizem tanto mas nunca dizem tudo, as palavras. já a pele... beijo, dade.
Gostei muito de seu poema, vi nele minha mãe com alzheimer. Belíssima descrição. Parabéns!
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