O gesto escrito
de letras soçobradas
que Crusoé deitou à correnteza
já não pertence a ele
mas ao mundo.
de letras soçobradas
que Crusoé deitou à correnteza
já não pertence a ele
mas ao mundo.
O gesto disponível
atravessa distâncias
grito mudo transcrito
rito
atravessa distâncias
grito mudo transcrito
rito
transgressão numa garrafa
ao mar do tempo.
ao mar do tempo.
13 comentários:
[doce o sorriso do naufrago que se ancora na praia longe, nas ilhas dos passos de outro lugar]
um imenso abraço, Amiga Dade
Leonardo B.
são vários os destinos possíveis quando se está à deriva.
Como gritar silêncios pelos mares ou espalhar poemas nessas ondas néticas. Mas com poesia certamente não naufragaremos, Dade.
beijos, querida
Muito bom, Dade - como sempre nos seus versos.Beijo amigo
Assim deve ser, escrita (e existência) como intersubjetividade, mesmo que a partir de uma ilha deserta, ou de/para arquipélagos em faixas distintas de tempo. Ao menos na intenção do coração.
É um achado a dupla utilização do prefixo 'trans' aqui (aliás, ele não tem nada de fixo). E achei este verso maravilhoso:
"grito mudo transescrito".
Beijo.
Quem é de versos atemporais, nos navega.
Tão lindos seus poemas, moça!
o não pertencimento da palavra que dita se alvoroça nos (m)ares,
beijo
Todas as pertenças nos pertencem quando lançadas na correnteza do mar do tempo. Muito bonito Dade.
Beijo
Oi Dade, sua escrita sempre me encanta... Lindo poema atemporal como bem comentou a Lara. Bj
Maravilhoso!
Crusoé começou e nós naufragamos com ele.
Belíssimo!
Beijos
Mirze
Penso nos salvados do naufrágio de Crusoé, como o essencial. Soubéssemos nós peservar o essencial.
Beijos.
Ah, que lindeza de poema, Dade...
..." numa garrafa
ao mar do tempo."
Tempo, tempo, tempo...
Sou perpétua náufraga, minha querida!
Vivo me debatendo, engolindo água...
Mas hei, ainda, de encontrar uma tábua...rs...
Encantei-me com os seus versos!
Imenso abraço!
Olá Dade,
O escrever, é assim um grito num delicado naufrágio, que inspira o momento tenso numa bela poesia, que atravessa distancias dentro de si mesmo.
Grande abraço.
não há como vir aqui e sair sem sair sentindo um poema navegando dentro da gente.
lindo poema!
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