terça-feira, fevereiro 08, 2011

Menino teu


Esse garoto que às vezes te visita
vive uma práxis
de outros dias
e se imiscui em teu cotidiano de aço e vidro
com sua bola de meia
num pomar de terra e verde
e seu balanço de corda.
Esse menino magro te perturba
e te renova
como se fosse o rosto da memória
e ainda te faz sorrir entre os sisudos.
É curioso, o menino, e traz questões
que não dizem respeito
ao homem sério que agora te tornaste.
Enquanto imóvel ponderas papéis de tuas pastas
ele se agita e brinca e mexe em tuas gavetas
e sem te consultar
sopra em tuas letras a brisa de outras tardes
e sensações de afago e de varanda.
Esse garoto que às vezes te visita
à noite em tua cama
canta baixinho cirandas e prelúdios
e te chama
porque em verdade
não queres que ele se perca de tua vida.

12 comentários:

Unknown disse...

Não quero mesmo que ele se perca nunca. Um abraço.

Zélia Guardiano disse...

Deslumbrante, Dade!
Ah, esse menino...
Que venha sempre!
Que nunca se afaste ...
Beijos, minha querida!

Júlio Castellain disse...

...
Maravilha.
Abraço.
...

José Carlos Brandão disse...

O menino é pai do homem (M. Assis), não pode morrer.
Beijo.

Unknown disse...

esse menino é o imponderável que nos visita e faz leve os devaneios,


beijo

Anônimo disse...

Fico triste quando ele some...

Beijinho.

Anônimo disse...

Fico triste quando ele some...

Beijinho.

Samuel F. Pimenta disse...

Que beleza de poema! Que todos nós guardemos a eterna infância que habita, por vezes, o nosso olhar.

Tudo de bom,

Samuel Pimenta.

Unknown disse...

Dade!

Um poema que só não atinge os insensíveis!
Só preciso saber como o descreves tão bem. São todos magros mesmo.

INCRÍVEL!

Beijos maga-poetisa!

Mirze

nydia bonetti disse...

Acho que nos poetas, os meninos são persistentes... :) Lindo, dade. beijos.

Marcantonio disse...

Bendito menino, e que deve reconhecer também as outras crianças. E deve aparecer para nos dar uma nova chance.

Ô Dade, às vezes acho que, no meu caso, o que me visita é um adulto vindo lá de fora, do mundo, e ele me diz: "Menino, cresça e desapareça do meu futuro, enfim!" Mas eu o ignoro, e volto o olhar ansioso para a caixa de brinquedos.

Outro belo poema!

Beijo.

Anônimo disse...

Desconfio que ele é a fonte de energia que podemos contar para alimentar a alegria, a vontade de viver, o princípio da vida.
Lindo poema, Dade!
Beijos
Cesar