Esse garoto que às vezes te visita
vive uma práxis
de outros dias
e se imiscui em teu cotidiano de aço e vidro
com sua bola de meia
num pomar de terra e verde
e seu balanço de corda.
Esse menino magro te perturba
e te renova
como se fosse o rosto da memória
e ainda te faz sorrir entre os sisudos.
É curioso, o menino, e traz questões
que não dizem respeito
ao homem sério que agora te tornaste.
Enquanto imóvel ponderas papéis de tuas pastas
ele se agita e brinca e mexe em tuas gavetas
e sem te consultar
sopra em tuas letras a brisa de outras tardes
e sensações de afago e de varanda.
Esse garoto que às vezes te visita
à noite em tua cama
canta baixinho cirandas e prelúdios
e te chama
porque em verdade
não queres que ele se perca de tua vida.
12 comentários:
Não quero mesmo que ele se perca nunca. Um abraço.
Deslumbrante, Dade!
Ah, esse menino...
Que venha sempre!
Que nunca se afaste ...
Beijos, minha querida!
...
Maravilha.
Abraço.
...
O menino é pai do homem (M. Assis), não pode morrer.
Beijo.
esse menino é o imponderável que nos visita e faz leve os devaneios,
beijo
Fico triste quando ele some...
Beijinho.
Fico triste quando ele some...
Beijinho.
Que beleza de poema! Que todos nós guardemos a eterna infância que habita, por vezes, o nosso olhar.
Tudo de bom,
Samuel Pimenta.
Dade!
Um poema que só não atinge os insensíveis!
Só preciso saber como o descreves tão bem. São todos magros mesmo.
INCRÍVEL!
Beijos maga-poetisa!
Mirze
Acho que nos poetas, os meninos são persistentes... :) Lindo, dade. beijos.
Bendito menino, e que deve reconhecer também as outras crianças. E deve aparecer para nos dar uma nova chance.
Ô Dade, às vezes acho que, no meu caso, o que me visita é um adulto vindo lá de fora, do mundo, e ele me diz: "Menino, cresça e desapareça do meu futuro, enfim!" Mas eu o ignoro, e volto o olhar ansioso para a caixa de brinquedos.
Outro belo poema!
Beijo.
Desconfio que ele é a fonte de energia que podemos contar para alimentar a alegria, a vontade de viver, o princípio da vida.
Lindo poema, Dade!
Beijos
Cesar
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