segunda-feira, junho 13, 2011

Banco de dados*


O banco de dados do mundo
começa com o arquivo da gênese
terra e água escorrendo
nas gavetas do Senhor.

Todo homem tem seu tempo
mas nem todos
espremem seu suco até o fim
e o que resta desses
é um arquivo morto
ou quase isso.

Os ônibus lotados
datam de mais de um século
mas as mulheres preferem
olhar os ônibus
e tudo o mais
de suas próprias janelas.

Mulheres estão sempre buscando alguma coisa
: maçãs, serpentes, vestidos
homens extraviados
ou filhos mortos
sorrindo em suas fotos
até que no jardim nasçam lápides novas
datadas de algum dia
que a humanidade não quer lembrar
a não ser talvez
em shows de rock e na ópera da temporada.

Enquanto a criação descobre
todo dia
a tecnologia sempre nova
ora mesclada à science fiction
e o cinema desdobrado na plateia
o mais está convertido
em pasto
até o fim dos tempos
no imenso casarão cheio de portas
onde habitam os que
até agora
conseguiram escapar

 * Poema reeditado.

6 comentários:

Sândrio cândido. disse...

Gostei, passivel de critica, mas bom. imagens fortes.

Unknown disse...

Dade, não conhecia esse seu poema. É daqueles que devemos reverenciar.
Um beijo.

Unknown disse...

"Mulheres estão sempre buscando alguma coisa": eis o sentido da procura


beijo

césar disse...

Arquivos mortos é coisa bem comum por aqui
Bo poema, Dade.

Beijo.

Unknown disse...

Lindo poema, Dade!

Mulheres sempre buscando, perto de homens que já são arquivo morto.. e nem se importam com lápides, com dores, com elas, as mulheres.

Maravilhoso!

Beijos

Mirze

Ivan disse...

Grande e poderoso.

Beijo