A todo gosto
servem as palavras.
Palavras fazem climas
cataclismos
espinhos de ironia
mas vadias
não obedecem a ninguém
e cada um as lê como bem quer.
Grandiloquentes, bregas, argentinas
francesas entendidas, sedutoras
entretecidas de wit na Inglaterra
mediterrâneas sem monotonia
polissemias do Leste em ideogramas.
Palavras são como a água
vão ao fundo
ao mais fundo do fundo
longe, longe
ao mais fecundo âmago do nada.
Juntas constroem pontes
monumentos
e são tijolo e cimento
de arquiteturas nunca repetidas
matéria e primas obras
de toda literatura e toda rima.
Sucede às vezes que palavras secas
se espalhem pelo chão
e quem as pise
ouça estalar vazios que elas dizem.
Aquelas que o vento leva
o mar recolhe
para escrever a música das conchas.
Nos vãos que os versos deixam entrever
metapalavras foscas, fugidias
a consolar de ilusões almas sozinhas
almas tristes ou tíbias
que em lugar de viver
lêem poemas.
8 comentários:
para além da palavra, o verso floresce
beijo
[esse caminho, onde no peito se escuta o rumor diurno da palavra, a sua sombra que nos guarda acontecendo]
um imenso abraço, Amiga Dade
Leonardo B.
Que METAPALAVRÓRIO Mais sublime!
Sempre achei que palavras são as pontes, os elos que ligam os seres humanos. É preciso cuidado ao ysá-las para não ferir, nem desmerecer o outro.
Você foi mais fundo, nos "vãos de todos os versos"
Isso é uma obra de arte.
Beijos
Mirze
Lindo esse poema, Dade.
Beijos.
Dade...fiquei impressionada...as palavras aqui trazem um efeito tão forte, tão bonito...adorei!
Bj,
Dani
Tão bonito que tive que ler e reler.
Parabéns, Dade.
Beijo.
A palavra brilha aqui como raramente se consegue.
Beijos do Ivan.
Dade, não dá pra ficar sem voltar por aqui. Palavras da salvação!
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