quarta-feira, junho 01, 2011

Duas caras



Viver é praia de rastros
apagados pelo mar.

Entre tudo que acontece
quantas vezes se revelam
as duas caras do tempo.

Guardados
coisas, retratos
letras que um dia brilharam
e de repente apagaram
os nomes esquecidos
como vestidos
fora de uso.

De longe nos chegam rastros
que se julgavam perdidos
e entanto nos cravam fundo
suas lâminas de dor.


9 comentários:

Unknown disse...

Perfeito, Dade!

"Viver é praia de rastros apagados pelo mar".

Quando esses rastros voltam, a face é de dor mesmo. Acho que o retorno de memórias que já se foram é sempre ruim!

Mas só você me fez entender o porque nesse poema tão perfeito.

Beijos!

Mirze

Luiza Maciel Nogueira disse...

Bárbaro Dade, adoro seus poemas.

E as vezes tem-se até mais que duas caras.

Um beijo

Úrsula Avner disse...

Oi Dade, lindos versos num encantador lirismo. Bj.

Anônimo disse...

A gente achando que os rastros foram apagados pela água, mas estão lá, sulcados na areia subterrânea do corpo.

Beijo.

AnaC disse...

O tempo, como quase tudo neste mundo, tem mesmo duas caras. Uma delas é ilusória e a outra é desilusão.
Poema exato e muito verdadeiro, amiga.

bjsss.

Suzana Martins disse...

Lindo demais, Dade!

As suas palavras delizaram em mim, assim como as lágrimas em meus olhos. Não sei se estou sensível, ou se foram as suas palavras que tocaram a minha alma...

Beijos e beijos linda...

P.s.: estou a espera das suas palavras no Marés. (rs)

Jefferson Bessa disse...

Quando o guardado se torna presente; tão presente que sentimos a hora. Beijos, amiga Dade!
Jefferson.

Sândrio cândido. disse...

O primeiro verso me traz uma imagem muito bela, gostei muito.
abraços

Unknown disse...

as faces do tempo, de tempos em tempos retratos descolorem


beijo