O dia que espera à tona,
transparente de silêncio,
é um bote armado por insetos
à espera de uma presa, de
alguma voz que reative os mitos
e seus motores estreitos e dentados.
dade amorim***
O poema-amigo de hoje
Nesta comunidade de poetas, em que o bem-querer se constrói pelas palavras, às vezes se encontra alguém que, antes das palavras (ou seria por causa delas?), se tornou amigo de presença.
É o caso da Carol Timm, que também mora no Rio, o que tornou possível a partilha de algumas boas experiências que sempre têm a ver com o que se escreve.
O sono sem sonhos
De repente o silêncio
atacou-lhe a existência
eram borboletas de chumbo
a quietude pesava-lhe tanto
que sentiu-se enterrada
na jaula do tempo
Retícula da folha
que não é mais folha
resíduo da existência
átomo ou energia
o que não é mais
haverá noutro lugar?
será continuidade?
A noite é contínua
não podemos detê-la
nem fugir da escuridão
mesmo quando voamos
em direção ao sol
manhãs de primavera
O sono sem sonhos
se aproxima de nós
:
desperta assustada
não quer dormir ainda
esta longa noite
sem estrelas
©Carol Timm
atacou-lhe a existência
eram borboletas de chumbo
a quietude pesava-lhe tanto
que sentiu-se enterrada
na jaula do tempo
Retícula da folha
que não é mais folha
resíduo da existência
átomo ou energia
o que não é mais
haverá noutro lugar?
será continuidade?
Na praça implodida
pelo homem-bomba
nada sobreviveu, hoje
escondida pelo monolito
nasceu uma flor retorcida
terá o amor encontrado
na sua ausência um lugar?
A noite é contínua
não podemos detê-la
nem fugir da escuridão
mesmo quando voamos
em direção ao sol
manhãs de primavera
O sono sem sonhos
se aproxima de nós
:
desperta assustada
não quer dormir ainda
esta longa noite
sem estrelas
©Carol Timm
12 comentários:
Ontem fui ao blog da Carol e fiquei encantada.
E que poema bonito e intenso o seu, Dade. É sempre um prazer vir aqui, ler-te e ver suas indicações, sua generosidade.
Beijo!
Lindo poema, linda descrição da manhã. Consigo ver o regato, as águas passando, touceiras de margarida bailando a brisa e o silêncio. Me perco em seus versos...
Lindo poema da Carol também, darei um pulo para visitá-la.
beijos
uma manhã de sono sem sonhos, pois desperto estou diante da alegoria das palavras e a sua alquimia,
abraço
Sugestão da Lara... belíssima!
De sensibilidade ímpar!!!
Abraços carinhosos =)
Dade,
Eu sei que você sabe que eu fico sorrindo muito de estar aqui com você neste poema.
Aliás, ter conhecido você e nossa amizade cotidiana e poética está tornando a minha poesia muito melhor.
Quem ia imaginar que um fio invisível chamado internet ia unir as nossas poesias pra sempre?!
Adorei habitar a tua casa de poesia também!
E também fico contente de ler os comentários amigos compartilhados!
Por tudo isso
:
obrigada!
Beijos,
Carol
Agradável vir aqui e encontrar a beleza de seu poema e o de sua amiga Carol também.
Já dei uma olhadinha rápida no blog da Carol; voltarei com mais tempo.
bjs
Me dá uma grande alegria ver essas trocas e encontros por aqui, esse clima de beleza e cordialidade que faz tanto bem. E os poemas então nem se fala: são lindíssimos. Beijo, Ivan.
lindo, poema Dade. também gostei muito do poema da Carol. parabéns, as duas.
beijos
Geraldo.
"Manhã, tão bonita manhã..."
Belíssimos poemas, Dade. Há sempre o espanto, bonito que não se negue a dor, o escuro que pode representar a falta de amor, a morte ardendo seus protestos, mesmo assim, há o sol, há o sol, o calor.
PS: Vou lá conhecer o blog da Carol.
dade, tuas névoas são poemas pros meus dentes.
beijos.
Dade,
É tão bom estar AQUI e aqui!
Beijos e boa sexta para nós todos!
Carol
A luz da aurora, o ar puro da manhã - que bom respirar o sopro de Deus!
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