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De meu quarto andar
acompanho notícias de águas
que vêm e vão para longe
pelo útero escuro da rua.
O que cabe em minha agenda
é um esqueleto falso
fabricado às pressas
de um dia sem pauta
cheio das linhas tortas
por onde não terão a coragem
de dizer que Deus escreve (direito?)
o adverso.
Alguma espécie de entendimento
deve ser possível
mas os bueiros engolem o embrião
traçado em um caderno de capa cinza-pérola
– um organismo vivo é outra coisa –
e meus sensores rugem à passagem
de um relâmpago retardatário
luz do rompimento
o limite de onde a treva desenha
o outro lado da rua
e a rua me chama para longe
da cumplicidade e das máquinas.
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Lá se encontrará um canto secreto
e me acharei madura de esperar
existe sim esse lugar
ou o que seja
pelo tempo que se passa desejando.
9 comentários:
ser poesia nesse mundo de máquinas, Dade é quase impossível - mas muitos ou poucos existem aqueles que adoram o impossível!
Beijos
AMEI o dia sem pautas e todo o poema, claro.
Sempre existe um canto secreto.
Belíssimo!
Beijos
Mirze
[na palavra, o grande lugar do mundo,
a tinta por fronteira,
por guia, a letra constelação]
um imenso abraço, Amiga Dade
Leonardo B.
existe sim esse lugar – longe das máquinas, perto do desejo.
Uma belíssima série, Dade.
Me fazem lembrar tanto a nossa empresa, Dade! Rs
Beijo.
Canta que aprecio sua voz!
Beijo, querida Dade*
quanto de nós não é tempo e espera? até porque sabemos que existem, os lugares.
beijo, querida dade!
a imagem desse "útero escuro da rua" é de um lirismo arrepiante!!!
caleidoscópio,
beijo
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